20/08/2012

Convite

Poesia
é brincar com palavras
com se brinca
com bola, papagaio, pião.

Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.

As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.

Como a água do rio
que é água sempre nova.

Como cada dia
que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?
                           José Paulo Paes
                                                                       TP5 - Estilo, coerência e coesão, p.28
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Responda:
1. O que o poeta quer dizer com os versos "Poesia/ é brincar com palavras"?
2. Você já brincou de poesia? Conte sobre isso.

06/08/2012

PRODUÇÃO TEXTUAL

Avançando na prática

1.Escolha uma imagem interessante para a sua turma que seja bastante grande para permitir uma boa observação.
2. Ajude os alunos a olhar todos os elementos da imagem. Mostre a eles que o observador pode fazer caminharem seus olhos pela imagem de diversos modos:de cima para baixo, de baixo para cima, da direita para esquerda, da esquerda para direita, do centro para os lados, de modo circular. tudo depende dos pontos que chamam mais atenção.
3. Peça que descrevam a imagem e expressem sua opinião sobre ela.
4. Depois disso, peça que produzam um texto descrevendo a imagem.
5. Peça a um ou dois alunos que leiam suas produções.
6. Peça aos colegas que opinem sobre os textos produzidos. Ajude-os a avaliar passagens que você considera importante observar. 
7. Dê sua opiniões sobre as produções.
8. Veja se cabe uma reescrita individual ou coletiva.

                                                                                                       TP2 - Análise Linguística e Análise Literária, p. 56

03/08/2012

Como uma onda
Nada do que foi será                  
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora

Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Nada do que foi será
De novo do jeito
Que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
                Lulu Santos
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Atividade

1.  O texto é um poema. Quais das características abaixo são próprias desse tipo de texto?
a) É escrito em versos.
b) Apresenta ideias distribuídas em parágrafos.
c) A linguagem é objetiva, permitindo apenas uma leitura.
d) A linguagem é subjetiva, permitindo várias leituras.
e) Tem por objetivo informar.
f) Tem por objetivo emocionar.

2.Você concorda com a afirmação “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”? Justifique.
3.  “A vida vem em ondas como um mar”. O que há de comum entre a vida e o mar que permite essa comparação?

4. Com base no trecho: “tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo”, é correto afirmar:
a) Os olhos enganam, atrapalham a percepção mais apurada do homem.
b) A percepção do mundo se modifica a cada experiência vivida.

5. Você acha que podemos impedir a vida de mudar? É possível fugirmos do ir e vir dos acontecimentos?

6. O que significa “mentir para si mesmo”? Podemos enganar a nós mesmos sobre o que pensamos ou sentimos? Justifique.
                                                                                                                                                Fonte:blog desmontando texto



VÍDEO: COMO UMA ONDA

02/08/2012

CARACTERIZANDO A DESCRIÇÃO

Leia o texto abaixo, de um dos maiores autores regionais brasileiros, precursor de Guimarães Rora. O narrador é um vaqueiro do Rio Grande. Ele está contendo para os companheiros um caso ocorrido com ele, quando levava uma quase fortuna para o patrão.

                                                                  Trezentas onças

    A estrada estendia-se deserta; à esquerda os campos desdobravam-se a perder de vista, serenos, verdes, clareados pela luz macia do sol morrente, manchados de pontas de gado que iam se arrolhando nos paradouros da noite; à direita, o sol muito baixo, vermelho-dourado, entrando em massa de nuvens de beiradas  luminosas.
    Nos atoleiro, secos, nem um quero-quero: uma outra perdiz, sorrateira, piava de manso por entre os pastos maduros; e longe, entre o resto de luz que fugia de um lado e a noite que vinha, peneirada, do outro, alvejava a brancura de um joão-grande, voando, sereno, quase sem mover as asas, como numa despedida triste, em que a gente também não sacode os braços...
    Foi caindo uma aragem fresca; e um silêncio grande em tudo.
                                          LOPES NETO, J. Simões. Trezentas onças.In Contos gauchescos. Obra Completa. Porto Alegre; Sulina, 2003,p.309.




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Atividade
1. Qual tipo é o desse texto? qual o assunto?
2. o narrador tenta mostrar a imensidão da paisagem. Que termos sugerem isso?
3. Há no texto muitos adjetivos. Sublinhem-nos.
4. Desses adjetivos, indiquem os que estão usados num sentido figurado, quer dizer, não são aplicáveis normalmente para os substantivos a que se referem.

Gabarito
1. Trata-se de uma descrição do por-do-sol.
2.Os verbos "estendia-se" e " desdobravam-se"
3. (marcados no texto) deserta, serenos,verdes, clareados, macia, morrente, manchados,(muito)baixo,verde-dourado, luminosas, secos, sorrateira, maduros, peneirada, sereno, triste, fresca, grande.
Há alguma expressões adjetivas, como quase sem mover as asas, a perder de vista. não é fundamental que os alunos percebam isso, nesse momento.
4. serenos, relativo a campos
macia, relativo a luz
morrente, relativo a sol
manchados, para campos
sorrateira, para perdiz
peneirada, para noite.
                                                                                                       AAA3 - gêneros e tipos textuais, versão do aluno, p. 65 


01/08/2012

CARACTERIZANDO A NARRAÇÂO


Leia:

Linda de morrer

   O pai resolveu abrir uma funerária.
   - Tem muita gente morrendo. É  negócio de futuro!
   Ao que a mãe acrescentou:
   - Gente que nunca morreu tá morrendo...
  O filho perdeu a paciência.
   - Dá pra parar com as piadinhas sem graça? Abrir um negócio não é brincadeira não.
  O pai sorriu condescendente. sabia que o filho estava bem-intencionado. mas é que o rapaz tinha acabado de concluir um desse MBAs da vida, e só conseguia raciocinar em termos mercadológicos.
   - Calma, filho. Você só fala de critérios, métodos, empredorismo...não sei em falar esse troço.
   - Empreendedorismo, pai.
   - Pois é. estou querendo por o nome de " funerária Vai com Deus."
   - Pelo amor de Deus!
   - Também é bom, mas "Vai com Deus" é melhor.
   - Não, pai, pelo amor de Deus, não põe um nome desses!
   E olhou ansioso pra mãe, pedindo socorro. a mãe nem tchum.
   - Acho que é um nome interessante, filho. diferente. Ousado.
  O pai respondeu:
   - Imaginem só o slogan: " Na hora de morrer, "Vai com Deus".
   A mãe soltou uma gargalhada.
   - Você dois parem com isso! - o filho já estava vermelho. - Que coisa mórbida! Vamos pensar com um mínimo de...
   - Empredee... dorismo...
   - Do... rimos!
   - Doritos!
   - Empreendedorismo! - o filho berrou.
   - Ah é. Quer ver outro nome bom? Funerária sete Palmos...
   - Passagem de Ida! - a mãe entrou na tabela.
   - Último Adeus! - o pai emendou.
   Agora os dois já riam solto. O filho olhando pro chão, besta. Já estava calculando os prejuízos.
   O pai não parava.
   - "Funerária Último Adeus: uma empresa linda de morrer".
   - Uma empresa linda de morrer! - a mãe, repetiu, saboreando cada palavra.
   - Linda de morrer... - o filho repetiu, mordendo as palavras. - nem Freud explica vocês dois...
   - Engano seu, filho. Você sabia que o Freud era fanático por humor negro? Ele adorava o anúncio de uma funerária americana que falava assim: " Pra que viver, se você pode ser enterrado por dez dólares?"
   - Sensacional! - a mãe já batia as mãos na mesa, de tanto rir.
   - E  lembra  aquele  cemitério  que  tinha  um  slogan assim: "Se você não pode saber quando, sabia   pelo menos onde". dessa vez, até o filho deixou escapar uma risada:
   - É verdade. essa propaganda eu lembro. Engraçado, na época eu achei esse slogan muito bom. É claro que eu não tinha conhecimentos de ...
   - Perdedorismo...
   - Predadorismo...
   - O  filho  saiu  batendo os  pés, resmungando  para  si  mesmo:  posicionamento,  agregação, downsizing, rightsizing e, acima de tudo, empreendedorismo. seu paia nunca ia mesmo dar conta daquelas palavras lindas de morrer.
                                                                    CUNHA, Leo. manual de Desculpas Esfarrapadas. São Paulo: FTD, 2004.p.75-77


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Atividade
1) Qual a característica principal deste texto?
2) Que recurso o autor usa pára dar agilidade ao caso?
3) Qual o gênero deste texto?

Gabarito
1) Posivelmente, a grande maioria achará o texto humorístico: é divertido o desencontro de opiniões do filho, com relação aos pais; é engraçado o pai não conseguir, mas tentar sempre, falar determinada palavra; é cômica a sequência de nomes aventados para a funerária.
2) Há um largo uso de diálogos(ou discurso direto), com poucas intervenções do narrador.
3) crônica, pois se trata de de uma situação do cotidiano.
                                                                                         AAA3 - gêneros e tipos textuais, versão do aluno, p. 62 e 63